• Palmas - TO, 04.10.2025

  • Política
  • 02/10/25 17:26

Um atentado à memória histórica de Palmas e do Tocantins

Por Gilberto Silva

Os vereadores de Palmas parecem viver em outro mundo. Como se não houvesse nada de urgente a ser feito na capital, cheia de problemas em saúde, segurança, educação e infraestrutura, resolveram se ocupar de uma pauta tão inútil quanto ofensiva. Mudar o nome da Avenida Teotônio Segurado para Avenida José Wilson Siqueira Campos.

É preciso dizer. Nada contra o ex-governador, que já está eternizado como “criador do Tocantins”. Sua marca está em palácios, monumentos, escolas, avenidas, cidades e até no próprio hino do Estado. O reconhecimento a Siqueira Campos já extrapolou os limites da justa homenagem. O que está em questão não é ele, mas a violência contra a memória de Teotônio Segurado, pioneiro que também contribuiu decisivamente para a separação nortista e para a identidade histórica do Tocantins.

O absurdo é ainda maior porque o próprio Siqueira Campos, em vida, recusou essa honraria, reconhecendo a importância de Teotônio Segurado. Mas os nobres edis, em sua política rasteira e movida a conveniências, preferiram atropelar a história e matar a memória de um dos grandes nomes do nosso passado.

Qual o próximo passo? Mudar o nome do Rio Tocantins para Rio Siqueira Campos? Rebatizar Palmas como Cidade Siqueira Campos? Criar o “Estado do Siqueirão”? O sarcasmo é triste, mas necessário. Estamos diante de uma Câmara que brinca com símbolos e identidades, como se fossem peças descartáveis. Talvez seja porque a maioria sequer conhece a história do Tocantins e nem saiba que foi Teotônio Segurado.

E não se trata apenas de simbologia. Quem vai arcar com os custos e as dores da renomeação em uma avenida que corta a cidade inteira? Quem paga a conta das mudanças em correspondências, registros, endereços comerciais e residenciais? O povo, é claro.

Enquanto isso, os vereadores se afastam cada vez mais da população, legislam como uma casta iluminada, ignoram o clamor das ruas e se ocupam de bajulação política em vez de debater os reais problemas da capital.

Se o prefeito Eduardo Siqueira Campos tiver hombridade e responsabilidade com a cidade, acima do laço de sangue, vetará essa lei absurda. Palmas precisa de gestão, de trabalho sério e de respeito à sua memória. Não de vaidades políticas e homenagens desnecessárias.

Chega de palhaçada. Chega de cretinice. O povo merece respeito.

* Gilberto Silva – Professor Aposentado da Unirg, jornalista, escritor, poeta e teólogo