Estreia popular de “Olhai por Nós” encanta público palmense
O espetáculo da Lamira Artes Cênicas, “Olhai Por Nós”, que estreio neste domingo, no teatro do Sesc, em Palmas ,levou uma reflexão ao público sobre identidade, religião e a forma como acreditamos em algo. Você conhece os monstros que existem dentro dos seus instintos? Até que ponto você consegue controlar a sua ira? Esses foram alguns dos questionamentos que a montagem proporcionou aos presentes.
O espetáculo, que faz parte da comemoração dos seis anos da Cia, no Tocantins e foi estreada no final de 2015, em Palmas, continua em cartaz nesta segunda e terça-feira, a partir das 20h, no Teatro Sesc Palmas. Os ingressos serão vendidos a preços populares: R$10,00 (meia-entrada) e R$ 20,00 (entrada-inteira).
Na visão da professora Josieide Maria de Oliveira Silva, a interpretação do espetáculo é particular porque está relacionada à cultura de cada um. “O espetáculo leva a gente a tangentes. Eu acredito que essa seja a função da arte: fazer com as pessoas saiam de sua inércia”, comenou.
Já a gestora cultural, Lígia Azevedo conta que pra ela foi muito forte a questão dos arquétipos humanos, como isso perpassa as várias religiões como algo grandioso. “Falando em tolerância, existe essa base comum, que são as questões básicas da humanidade, as quais nos unem como seres humanos”, frisou.
A montagem vai ser encenada durante o Maturando, que é também uma comemoração dos seis anos da Cia no Tocantins, o qual foi aberto no ultimo dia 30. O projeto tem como proposta mostrar um pouco do universo do grupo, que em todo esse tempo vem trabalhando para disseminar sua arte no Tocantins e no Brasil. A programação, recheada de novidades culturais, contou com a exibição de um documentário sobre o processo de criação do “Olhai Por Nós”, lançamento de um livro com fotos sobre a trajetória do grupo profissional, uma Instalação e ainda temporada com apresentações de quatro montagens da Cia.
O Maturando, será realizado até 15 de julho, no Teatro Sesc Palmas, foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014.
Espetáculo
Com a proposta de levar uma reflexão sobre a crença humana, o novo espetáculo tem uma linguagem envolvida pela dança e o teatro. Através dela, os artistas pretendem despertar um olhar curioso sobre a esperança e a forma que o ser humano busca isso no cotidiano. “O espetáculo é diferente dos outros que já fizemos porque traz uma linguagem mais reflexiva, que aborda determinadas questões humanas, como: desejos, falhas e excessos”, comentou a diretora geral da Lamira, Carolina Galgane.
O espetáculo, estreado por quatro artistas, faz referência às diversas religiões, como o catolicismo e o hinduísmo. A história, que ao mesmo tempo envolve a força das crenças, também utiliza a sutileza da fé como ponto de partida. No meio de tudo isso a dança como expressão principal. A narrativa também convida o público a refletir sobre o verdadeiro “eu” e sobre os caminhos que movem o ser humano através da esperança.
Durante o espetáculo é utilizada como parte do cenário uma tela, que representa diversas simbologias, a interpretação é subjetiva e parte do ponto de vista de cada um. “Pode significar à reencarnação, o inferno ou um momento para se descobrir. É como se ela segurasse os monstros que estão de você. É como se ela estivesse dentro de você, um mergulho no próprio eu. Quando você mergulha dentro de si é preciso ter um artificio de proteção, o que vai depender de cada um, a reza, um amuleto, a música, cada pessoa tem isso de uma forma particular”, comentou o diretor artístico da Cia. João Vicente.
À medida que a história vai sendo contada, os artistas usam como referência as virtudes e não virtudes humanas e até que ponto isso é controlado dentro de cada um. A montagem tem como ponto forte o momento que os personagens fazem essa descoberta de um mundo construído dentro do próprio imaginário.
Ao mesmo tempo em que os bailarinos mostram a determinação nessa busca, eles também levam a delicadeza da fé aos espectadores, como se o mal e o bem estivessem em duelo a todo momento e cabe a cada um ter esse controle.
O espetáculo é embalado por sons de diversos instrumentos típicos de outros países, como Angola, Austrália e Timbéria. Também tem no repertório cantigas que lembram às romarias do nordeste.
No final do espetáculo, os artistas trocam de lugar simbolizando um recomeço, o que representa também novos desafios e uma chance de buscar um caminho diferente, como se fosse um renascimento, o que para os budistas é chamado de samsãra.
Segundo o diretor artístico a montagem é uma forma de buscar as percepções interiores. “Aqui percebemos que as pessoas são bastante ligadas à religiosidade e nós pensamos em criar um espetáculo que abordasse essa temática, já que ela é bastante rica, inclusive na atualidade contemporânea”.
A peça teatral, com classificação livre, tem uma hora de duração e conta com a participação de 26 pessoas, entre bailarinos, equipe técnica e diretores. A montagem, que também é uma comemoração aos cinco anos da Lamira, traz no currículo a participação de uma das maiores atrizes do teatro nacional, Fernanda Vianna, do grupo Galpão, de Minas Gerais. Além do Diretor Musical Marco França de Natal/RN e a Direção de Formas Animadas Vinícuis Della Líbera de São Paulo/SP.