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  • 18/10/25 09:04

Fogo Sagrado: projeto da ABIX fortalece comunicação e saberes indígenas na prevenção de incêndios no Cerrado

No coração do Território Indígena Xerente, a Associação dos Brigadistas Akwe Xerente (ABIX) deu início ao projeto “Fogo Sagrado: Comunicação e Saberes Indígenas na Prevenção e Combate aos Incêndios no Cerrado”. A iniciativa utiliza os conhecimentos tradicionais do povo Xerente para o correto e responsável manejo do território e combate aos incêndios, unindo a expressão cultural, a preservação ambiental e a arte de comunicar. O projeto promoveu no último sábado uma oficina de design gráfico utilizando o Canva, na Aldeia Cachoeirinha (sede da ABIX), em Tocantínia (TO). As atividades estão sendo financiadas pelo Edital Raízes e Labora – Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores(as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa, do Fundo Brasil de Direitos Humanos.

 

A oficina de Design Gráfico com o Canva, ministrada pelo jornalista, pesquisador e designer gráfico Cristiano Viana, foi voltada à capacitação de jovens e adultos Xerente interessados na criação de materiais visuais, campanhas educativas e conteúdos digitais sobre as ações da ABIX e a cultura do seu povo.

Participaram seis integrantes da comunidade, todos com afinidade pela produção de conteúdo e desejo de atuar na divulgação das atividades e saberes que fazem parte da rotina dos brigadistas indígenas.

“Fiquei muito feliz com o envolvimento do grupo. O Canva é uma ferramenta acessível, que permite transformar ideias em peças criativas e educativas. Ver o interesse dos alunos em usar o design como forma de valorizar sua própria cultura e divulgar as ações da ABIX é inspirador. Eles têm muito a ensinar e também muito a mostrar ao mundo”, destacou o ministrante Cristiano Viana.

 

Durante a oficina, os participantes aprenderam noções de identidade visual, composição, tipografia, cores e como criar posts e banners digitais que possam ser utilizados em campanhas sobre prevenção de queimadas, preservação das veredas e valorização dos saberes tradicionais. O encontro faz parte da primeira etapa de formação do projeto, que inclui ainda oficinas de audiovisual, produção de vídeos com celular para mídias sociais, visando capacitar uma nova geração de comunicadores indígenas.

Associação

A presidente da Abix, Ana Shelley Rodrigues Barboza Xerente, reforçou a importância da ação como um marco de fortalecimento do protagonismo indígena na comunicação ambiental. “A Abix nasceu do trabalho dos nossos brigadistas, homens e mulheres Xerente que protegem o Cerrado e cuidam do nosso território com sabedoria ancestral. O projeto Fogo Sagrado vem para ampliar nossas vozes, mostrando que o combate ao fogo também passa pela comunicação. Queremos que o mundo conheça o que fazemos, nossas práticas sustentáveis e a nossa relação espiritual com o território.”

Criada em 2014, a Abix é composta por 72 brigadistas indígenas, sendo 29 mulheres, e tem se destacado nacionalmente por aliar técnicas modernas de combate ao fogo com o manejo tradicional do território e a educação ambiental.

Projeto

Ainda de acordo com a presidente da Abix, o projeto “Fogo Sagrado” nasce desse acúmulo de experiências e integra a estratégia da Associação para ampliar sua presença nas redes sociais e fortalecer o diálogo entre povos indígenas, comunidades tradicionais e sociedade civil sobre justiça climática e preservação do Cerrado.

Para o jovem participante Jonas Xerente, a oficina foi um passo importante para unir tradição e tecnologia. “Eu sempre quis aprender mais sobre como criar posts e mostrar o que a gente faz aqui na aldeia. Agora, com o Canva, posso ajudar a divulgar o trabalho da brigada e também mostrar a beleza da nossa cultura. O projeto Fogo Sagrado é uma oportunidade de aprender e também de ensinar o valor do nosso território.”

Além das oficinas de formação, o projeto prevê a produção de 12 vídeos educativos, campanhas digitais sobre racismo ambiental e justiça climática, e a criação de uma série de cards informativos sobre o Cerrado e o manejo sustentável do fogo. As ações serão realizadas ao longo de 12 meses e contam com apoio do edital Raízes e Labora – Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores(as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa, do Fundo Brasil de Direitos Humanos.